Publicada em 20/6/2020
O mais duro recado do coronavírus para a humanidade: corpos têm prazo de validade e cemitérios não passam de lixões
*Por: Fernando Silva
A Covid- 19 faz um turismo avassalador pelos quatro cantos do planeta. Por onde passa, o macabro viajante deixa incontáveis pilhas de defuntos. Cadáveres e covas viraram figurinhas fáceis nas páginas e telinhas da mídia global. A morte ficou banalizada. Ninguém liga mais para a temível “dama de negro”.
A voracidade do coronavírus não tem limites. Mas, atenção: o novo mal da humanidade não é homofóbico ou racista, mas muito discricionário. Não poupa ninguém. Qualquer pessoa- em algum momento- pode receber sete palmos de terra. Esse diminuto espaço é uma singela doação do misterioso vírus para a derradeira moradia.
E todos estão numa mesma fila de prováveis “beneficiários” desse loteamento tétrico: milionários do Alphaville, miseráveis de periféricas favelas, jovens, adultos, velhos e crianças. O sinistro “coisa ruim” não discrimina. Consequência do fúnebre desfile: o pânico toma conta desse mísero “asteroide”.
E, pior: é impossível garantir quando essa pandemia acabará. Afinal, nada é definitivo para o coronavírus. A quantidade de ondas no horizonte do mar de cadáveres não está delimitada. O novo coronavírus tem método. A sua ação obedece a uma clara lógica, com distribuição de mensagens subliminares a granel. E aqui está o mais perturbador dos recados: corpos não valem quase nada e cemitérios não passam de meros lixões.
Com efeito. Todo o mundo nasce com um prazo de validade estampado na testa. Logo, a morte é a única certeza na vida. Chegamos a esse mundo para cumprir uma missão específica com prazo determinado. O corpo humano é um simples acessório para intervenções coletivas no plano material. Ossos, peles e órgão internos pouco representam nessa complexa intermediação. O mais importante é a substância interior: espírito, alma ou energia vital. Denomine essa “essência maior” da forma que melhor convir.
O corpo, que degrada com imensa facilidade, lança fétidos odores no ar. Haja perfumes para dissimular o desconforto. A falta de cuidados mínimos de higiene empesteia o meio ambiente. A estrutura dos animais é menos deletéria. O gato ou cão podem ficar um mês sem banhos. Essa carência de água não provoca repelência. Agora, tente manter-se nas proximidades de um humano que permaneceu distante de um chuveiro por uma quinzena. O miasma denunciará a presença do fedorento a 10 metros de distância.
Os cemitérios ainda recebem a absurda denominação de “campo- santo”. Eis aí a mais pura besteira. Aqueles territórios lúgubres abrigam os restos de indivíduos da mais elevada estatura humana. É verdade. Mas, ali, também, “repousam” traficantes, corruptos, genocidas, pedófilos e demais escórias da sociedade. Esses depósitos de esqueletos nada têm de sagrado. São simples lixões com um efeito prático irremediável: às vezes, contaminam o lençol freático. As necrópoles são um atentado à natureza. O coronavírus praticamente suprimiu os velórios.
O pragmatismo de tudo isso bate forte na cacunda da sociedade hipócrita e demonstra que lamuriar defronte a uma carcaça prestes a se decompor é de um ridículo sem igual. Mas, e aí? Não devemos reverenciar nossos entes queridos finados? Claro que sim. Essa empatia é uma obrigação moral. O luto é uma atitude nobre. Há várias formas de homenagear àqueles que desembarcaram na última estação (o ponto final): orações, reuniões fraternas, declamações solidárias, cânticos amorosos e apresentações de vídeos com as cenas mais marcantes do falecido. A memória também é um intransponível abrigo perene para o amor perdido.
Nada a ver, portanto, com a constrangedora exibição de algo inerte dentro de um esquife. A já degradante imagem piora ainda mais com a explosão de escandalosos alaridos nas proximidades do horrível caixão. O teatro das carpideiras soaria melhor. Pelo menos, a performance dessas “inconsoláveis mulheres” tem um quê de artístico.
Pense bem. O corpo perece. A alma é eterna. O conselho da Covid-19 é muito duro para índoles mais suscetíveis: livrem-se imediatamente das imundícies sem vida. Corpos valem tanto quanto os vermes que os devorarão impiedosamente em pouco tempo. Não valem nada.
PS1: A cremação é a melhor das soluções finais, pois além de eliminar a fedorenta carcaça, preserva a natureza.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NotíciasUai.
*Por: Fernando Silva
A Covid- 19 faz um turismo avassalador pelos quatro cantos do planeta. Por onde passa, o macabro viajante deixa incontáveis pilhas de defuntos. Cadáveres e covas viraram figurinhas fáceis nas páginas e telinhas da mídia global. A morte ficou banalizada. Ninguém liga mais para a temível “dama de negro”.
A voracidade do coronavírus não tem limites. Mas, atenção: o novo mal da humanidade não é homofóbico ou racista, mas muito discricionário. Não poupa ninguém. Qualquer pessoa- em algum momento- pode receber sete palmos de terra. Esse diminuto espaço é uma singela doação do misterioso vírus para a derradeira moradia.
E todos estão numa mesma fila de prováveis “beneficiários” desse loteamento tétrico: milionários do Alphaville, miseráveis de periféricas favelas, jovens, adultos, velhos e crianças. O sinistro “coisa ruim” não discrimina. Consequência do fúnebre desfile: o pânico toma conta desse mísero “asteroide”.
E, pior: é impossível garantir quando essa pandemia acabará. Afinal, nada é definitivo para o coronavírus. A quantidade de ondas no horizonte do mar de cadáveres não está delimitada. O novo coronavírus tem método. A sua ação obedece a uma clara lógica, com distribuição de mensagens subliminares a granel. E aqui está o mais perturbador dos recados: corpos não valem quase nada e cemitérios não passam de meros lixões.
Com efeito. Todo o mundo nasce com um prazo de validade estampado na testa. Logo, a morte é a única certeza na vida. Chegamos a esse mundo para cumprir uma missão específica com prazo determinado. O corpo humano é um simples acessório para intervenções coletivas no plano material. Ossos, peles e órgão internos pouco representam nessa complexa intermediação. O mais importante é a substância interior: espírito, alma ou energia vital. Denomine essa “essência maior” da forma que melhor convir.
O corpo, que degrada com imensa facilidade, lança fétidos odores no ar. Haja perfumes para dissimular o desconforto. A falta de cuidados mínimos de higiene empesteia o meio ambiente. A estrutura dos animais é menos deletéria. O gato ou cão podem ficar um mês sem banhos. Essa carência de água não provoca repelência. Agora, tente manter-se nas proximidades de um humano que permaneceu distante de um chuveiro por uma quinzena. O miasma denunciará a presença do fedorento a 10 metros de distância.
Os cemitérios ainda recebem a absurda denominação de “campo- santo”. Eis aí a mais pura besteira. Aqueles territórios lúgubres abrigam os restos de indivíduos da mais elevada estatura humana. É verdade. Mas, ali, também, “repousam” traficantes, corruptos, genocidas, pedófilos e demais escórias da sociedade. Esses depósitos de esqueletos nada têm de sagrado. São simples lixões com um efeito prático irremediável: às vezes, contaminam o lençol freático. As necrópoles são um atentado à natureza. O coronavírus praticamente suprimiu os velórios.
O pragmatismo de tudo isso bate forte na cacunda da sociedade hipócrita e demonstra que lamuriar defronte a uma carcaça prestes a se decompor é de um ridículo sem igual. Mas, e aí? Não devemos reverenciar nossos entes queridos finados? Claro que sim. Essa empatia é uma obrigação moral. O luto é uma atitude nobre. Há várias formas de homenagear àqueles que desembarcaram na última estação (o ponto final): orações, reuniões fraternas, declamações solidárias, cânticos amorosos e apresentações de vídeos com as cenas mais marcantes do falecido. A memória também é um intransponível abrigo perene para o amor perdido.
Nada a ver, portanto, com a constrangedora exibição de algo inerte dentro de um esquife. A já degradante imagem piora ainda mais com a explosão de escandalosos alaridos nas proximidades do horrível caixão. O teatro das carpideiras soaria melhor. Pelo menos, a performance dessas “inconsoláveis mulheres” tem um quê de artístico.
Pense bem. O corpo perece. A alma é eterna. O conselho da Covid-19 é muito duro para índoles mais suscetíveis: livrem-se imediatamente das imundícies sem vida. Corpos valem tanto quanto os vermes que os devorarão impiedosamente em pouco tempo. Não valem nada.
PS1: A cremação é a melhor das soluções finais, pois além de eliminar a fedorenta carcaça, preserva a natureza.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NotíciasUai.