Publicada em 23/5/2020
Os caminhos do presidente Jair Bolsonaro: golpe de estado, impeachment ou renúncia
*Crônica da semana por: Fernando Silva
A vitória de Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais foi devastadora. Menos pela diferença numérica, mais pelo desmoronamento de um establishment de quase 16 anos. O ex- capitão derrubou o sólido “muro de Berlim” petista. Os crassos desatinos dos “companheiros” escancararam as portas do poder para um medíocre.
A produção legislativa do deputado Jair Bolsonaro, em quase três décadas, foi muito próxima de nada. E, mais. A experiência de Bolsonaro em administração pública era sub -zero. O antigo oficial do Exército apenas gerenciou uma “filhocracia” para garantir o futuro promissor de sua prole. Ganhou a eleição presidencial e transferiu a aberração institucional (filhocracia) para a União.
Na chefia de governo, o banana de pijama trabalha exclusivamente em benefício de sua família. Todas as ações- legítimas e ilegais- giram em torno desse núcleo nepotista. E Jair não decepciona os adversários. A aventura eleitoreira do clã do condomínio “Vivendas da Barra” caminha para o despenhadeiro. Muita gente, porém, apostou no sucesso da escalada ultradireitista. Cerca de 30% da população ainda acreditam em saci.
Mas não tem jeito. O atual inquilino do Palácio do Planalto demonstra, cada vez mais, não ter a menor vocação para o exercício da presidência. Jair é um pródigo produtor de crises. O mandatário tupiniquim flerta diuturnamente com o desastre. É um maluco beleza. E tudo isso seria apenas cômico ou folclórico, caso não houvesse um componente macabro nessa narrativa: o país vive a maior crise sanitária da sua história. E, tudo pode piorar ainda mais. Afinal, lá na frente, quando acabar o empilhamento de cadáveres, começará o caos socioeconômico.
Os caminhos (ou descaminhos) do “novo governo” foram pavimentados em pouco mais de um ano de mandato. Restaram três opções para o burlesco “caudilho” botocudo: golpe de estado, impeachment ou renúncia.
A tentativa de golpe já se encontra em gestação. A principal característica dessa anomalia institucional é a eliminação do sistema de freios e contrapesos do estado de direito.
O receituário para uma virada de mesa golpista é simples: aliciam-se parlamentares pouco republicanos e aparelha-se o Supremo Tribunal Federal (STF). A negociata com o Centrão e a provável indicação de evangélicos para STF são sintomas do que vem por aí. Os golpes modernos nem necessitam de fechamento do Congresso. Uma turma de legisladores submissos asseguraria a democracia de fachada para um ditador bananeiro.
Mas a estratégia de Bolsonaro pode chegar a uma via de trânsito de alto risco: o início de um processo de impeachment na Câmara Federal. Tudo depende dos humores de Rodrigo Maia. Essa ferramenta legal está banalizada no Brasil. As duas vítimas da lei 1097 da Constituição foram apeadas do poder por motivos fúteis. Fernando Collor sofreu um processo de impedimento, mas renunciou antes da votação do bota-fora no Senado. Um prosaico Fiat Elba provocou a derrocada do impulsivo “Caçador de Marajás”. Dilma Rousseff foi escorraçada de Brasília em uma ridícula “bicicleta”. As pedaladas fiscais colocaram um ponto final na “odisseia” petista no Palácio do Planalto.
Jair Bolsonaro já ofereceu motivos muito mais sérios para, pelo menos, a abertura do procedimento de impeachment. Crimes de responsabilidade mil já foram cometidos. Mas a causa básica da queda do capitão será a prosaica cloroquina. Essa droga está na raiz de todos os males do “Mito” de araque.
A renúncia, uma opção pouco provável, colocaria Bolsonaro na companhia de Jânio Quadros e marechal Deodoro da Fonseca. O ex-governador de São Paulo cumpriu um mandato de apenas sete meses e abandonou o cargo. Já o marechal - líder do movimento militar que derreteu a monarquia brasileira- virou o primeiro presidente da República. Deodoro, com a saúde bastante frágil, pulou do barco quando percebeu o tamanho da encrenca em que se meteu.
Então, essas são as possibilidades de the end para o velho agitador meganha: ele se transformará num ditador caricato, será defenestrado da cadeira de presidente ou sairá espontaneamente pelas portas do fundo. Façam as suas apostas. As cartas estão na mesa.
*Crônica da semana por: Fernando Silva
A vitória de Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais foi devastadora. Menos pela diferença numérica, mais pelo desmoronamento de um establishment de quase 16 anos. O ex- capitão derrubou o sólido “muro de Berlim” petista. Os crassos desatinos dos “companheiros” escancararam as portas do poder para um medíocre.
A produção legislativa do deputado Jair Bolsonaro, em quase três décadas, foi muito próxima de nada. E, mais. A experiência de Bolsonaro em administração pública era sub -zero. O antigo oficial do Exército apenas gerenciou uma “filhocracia” para garantir o futuro promissor de sua prole. Ganhou a eleição presidencial e transferiu a aberração institucional (filhocracia) para a União.
Na chefia de governo, o banana de pijama trabalha exclusivamente em benefício de sua família. Todas as ações- legítimas e ilegais- giram em torno desse núcleo nepotista. E Jair não decepciona os adversários. A aventura eleitoreira do clã do condomínio “Vivendas da Barra” caminha para o despenhadeiro. Muita gente, porém, apostou no sucesso da escalada ultradireitista. Cerca de 30% da população ainda acreditam em saci.
Mas não tem jeito. O atual inquilino do Palácio do Planalto demonstra, cada vez mais, não ter a menor vocação para o exercício da presidência. Jair é um pródigo produtor de crises. O mandatário tupiniquim flerta diuturnamente com o desastre. É um maluco beleza. E tudo isso seria apenas cômico ou folclórico, caso não houvesse um componente macabro nessa narrativa: o país vive a maior crise sanitária da sua história. E, tudo pode piorar ainda mais. Afinal, lá na frente, quando acabar o empilhamento de cadáveres, começará o caos socioeconômico.
Os caminhos (ou descaminhos) do “novo governo” foram pavimentados em pouco mais de um ano de mandato. Restaram três opções para o burlesco “caudilho” botocudo: golpe de estado, impeachment ou renúncia.
A tentativa de golpe já se encontra em gestação. A principal característica dessa anomalia institucional é a eliminação do sistema de freios e contrapesos do estado de direito.
O receituário para uma virada de mesa golpista é simples: aliciam-se parlamentares pouco republicanos e aparelha-se o Supremo Tribunal Federal (STF). A negociata com o Centrão e a provável indicação de evangélicos para STF são sintomas do que vem por aí. Os golpes modernos nem necessitam de fechamento do Congresso. Uma turma de legisladores submissos asseguraria a democracia de fachada para um ditador bananeiro.
Mas a estratégia de Bolsonaro pode chegar a uma via de trânsito de alto risco: o início de um processo de impeachment na Câmara Federal. Tudo depende dos humores de Rodrigo Maia. Essa ferramenta legal está banalizada no Brasil. As duas vítimas da lei 1097 da Constituição foram apeadas do poder por motivos fúteis. Fernando Collor sofreu um processo de impedimento, mas renunciou antes da votação do bota-fora no Senado. Um prosaico Fiat Elba provocou a derrocada do impulsivo “Caçador de Marajás”. Dilma Rousseff foi escorraçada de Brasília em uma ridícula “bicicleta”. As pedaladas fiscais colocaram um ponto final na “odisseia” petista no Palácio do Planalto.
Jair Bolsonaro já ofereceu motivos muito mais sérios para, pelo menos, a abertura do procedimento de impeachment. Crimes de responsabilidade mil já foram cometidos. Mas a causa básica da queda do capitão será a prosaica cloroquina. Essa droga está na raiz de todos os males do “Mito” de araque.
A renúncia, uma opção pouco provável, colocaria Bolsonaro na companhia de Jânio Quadros e marechal Deodoro da Fonseca. O ex-governador de São Paulo cumpriu um mandato de apenas sete meses e abandonou o cargo. Já o marechal - líder do movimento militar que derreteu a monarquia brasileira- virou o primeiro presidente da República. Deodoro, com a saúde bastante frágil, pulou do barco quando percebeu o tamanho da encrenca em que se meteu.
Então, essas são as possibilidades de the end para o velho agitador meganha: ele se transformará num ditador caricato, será defenestrado da cadeira de presidente ou sairá espontaneamente pelas portas do fundo. Façam as suas apostas. As cartas estão na mesa.