Publicada em 14/12/2019
O CRUZEIRO DESCEU AO INFERNO
Por: Fernando Silva
Time grande não cai. Essa retórica é uma monumental bobagem. O Cruzeiro acaba de desmistificar a falácia. Time grande não cai? Time grande despenca, sim, e com muito estardalhaço. Alguns gigantes planetários já mergulharam no submundo do futebol. Veja alguns exemplos: River Plate, Manchester United, Roma, Milan, Atlético de Madri, Bayern de Munique, Paris Saint-Germain e Borussia Dortmund, dentre outros.
O Liverpool enfrentará o Flamengo na final do Mundial de Clubes, no dia 21 de dezembro. Tudo indica que será a partida decisiva da competição. Claro. Isso se esquadrões exóticos- como Mazembe ou Raja Casablanca- não obstruírem os caminhos dos dois favoritos. O rubro- negro carioca desconhece a segundona. A equipe inglesa, porém, foi rebaixada em cinco oportunidades.
Santos, Flamengo e São Paulo são os únicos “incaíveis” da “pátria de chuteiras”. Mas, nessa vida, tudo é eterno enquanto dura. O poeta Vinícius de Moraes era botafoguense e tinha certeza disso. Vários clubes tradicionais do futebol nacional visitaram a série B. E renasceram das cinzas. Fizeram o papel de fênix com muita eficiência.
O Corinthians saiu das trevas para ganhar a Libertadores da América e um título planetário. O Atlético Mineiro ressurgiu para conquistar a América e uma Copa do Brasil. O retorno do Grêmio significou três Copas do Brasil e um título continental. O Internacional de Porto Alegre sofreu humilhante descenso em 2017. Reapareceu na elite esse ano. E fez bonito. Foi finalista da Copa do Brasil contra o Athletico Paranaense. Quase levantou o caneco. O Colorado ainda teve um desempenho digno no campeonato brasileiro e confirmou presença na próxima Libertadores.
Times de renome foram do purgatório ao céu em pouco espaço de tempo. Caíram para um nível inferior e voltaram bem mais fortes. E o Cruzeiro? Como ressuscitará? É um enigma. A situação da Raposa é muito complexa. Quase desesperadora. Os rivais que desceram encontraram céu de brigadeiro na B. E reabilitaram-se com certa tranquilidade.
O cenário para o time do Barro Preto é bastante complicado. O primeiro obstáculo é a grave crise financeira. A instituição tem uma dívida de 700 milhões de reais. Os salários de jogadores e funcionários sofreram contínuos atrasos em 2019. O clube celeste tem um perigoso “papagaio” de R$ 60 milhões dependurado na FIFA.
O Zorya Luhansk da Ucrânia, por exemplo, foi vítima de um calote de R$ 6 milhões. Gilvan Tavares comprou e não pagou o passe de Willian do Bigode, hoje defensor do Palmeiras. Simples assim. A diretoria do Palestra mineiro tem até maio do ano que vem para liquidar essa fatura. E o time da Toca da Raposa corre até o risco de até ser rebaixado para a série C se não honrar o compromisso. A entidade internacional do futebol promete ser rigorosa com caloteiros.
Há outro fator que agrava ainda mais esse teatro de horrores. Até 2018, um clube da elite caía, mas mantinha a cota de televisão da série A. Agora tudo mudou radicalmente. Por azar, a partir da próxima temporada, esse valor sofrerá uma redução de 80%. Observe o tamanho da encrenca. O faturamento do Cruzeiro com a TV migrará de 70 milhões de reais para R$ 10milhões. A receita do clube ficará seriamente comprometida. A arrecadação na bilheteria fatalmente sofrerá um declínio também.
E as más notícias não acabam aqui. Devido aos atos de vandalismo do jogo contra o Palmeiras, no Mineirão, a Raposa sofrerá duas punições drásticas: perderá alguns mandos de campo e meia dúzia de pontos na tabela de classificação do módulo B.
Conclusão: o Cruzeiro não caiu apenas para a segunda divisão. O Cruzeiro mergulhou num verdadeiro inferno dantesco. A Raposa convive com concreta possibilidade de curtir um longo período na periferia do futebol. Uma realidade é certa: passarão muitos anos até que a torcida estrelada volte a gritar: “é campeão”. Tudo ficou muito cabuloso.
Por: Fernando Silva
Time grande não cai. Essa retórica é uma monumental bobagem. O Cruzeiro acaba de desmistificar a falácia. Time grande não cai? Time grande despenca, sim, e com muito estardalhaço. Alguns gigantes planetários já mergulharam no submundo do futebol. Veja alguns exemplos: River Plate, Manchester United, Roma, Milan, Atlético de Madri, Bayern de Munique, Paris Saint-Germain e Borussia Dortmund, dentre outros.
O Liverpool enfrentará o Flamengo na final do Mundial de Clubes, no dia 21 de dezembro. Tudo indica que será a partida decisiva da competição. Claro. Isso se esquadrões exóticos- como Mazembe ou Raja Casablanca- não obstruírem os caminhos dos dois favoritos. O rubro- negro carioca desconhece a segundona. A equipe inglesa, porém, foi rebaixada em cinco oportunidades.
Santos, Flamengo e São Paulo são os únicos “incaíveis” da “pátria de chuteiras”. Mas, nessa vida, tudo é eterno enquanto dura. O poeta Vinícius de Moraes era botafoguense e tinha certeza disso. Vários clubes tradicionais do futebol nacional visitaram a série B. E renasceram das cinzas. Fizeram o papel de fênix com muita eficiência.
O Corinthians saiu das trevas para ganhar a Libertadores da América e um título planetário. O Atlético Mineiro ressurgiu para conquistar a América e uma Copa do Brasil. O retorno do Grêmio significou três Copas do Brasil e um título continental. O Internacional de Porto Alegre sofreu humilhante descenso em 2017. Reapareceu na elite esse ano. E fez bonito. Foi finalista da Copa do Brasil contra o Athletico Paranaense. Quase levantou o caneco. O Colorado ainda teve um desempenho digno no campeonato brasileiro e confirmou presença na próxima Libertadores.
Times de renome foram do purgatório ao céu em pouco espaço de tempo. Caíram para um nível inferior e voltaram bem mais fortes. E o Cruzeiro? Como ressuscitará? É um enigma. A situação da Raposa é muito complexa. Quase desesperadora. Os rivais que desceram encontraram céu de brigadeiro na B. E reabilitaram-se com certa tranquilidade.
O cenário para o time do Barro Preto é bastante complicado. O primeiro obstáculo é a grave crise financeira. A instituição tem uma dívida de 700 milhões de reais. Os salários de jogadores e funcionários sofreram contínuos atrasos em 2019. O clube celeste tem um perigoso “papagaio” de R$ 60 milhões dependurado na FIFA.
O Zorya Luhansk da Ucrânia, por exemplo, foi vítima de um calote de R$ 6 milhões. Gilvan Tavares comprou e não pagou o passe de Willian do Bigode, hoje defensor do Palmeiras. Simples assim. A diretoria do Palestra mineiro tem até maio do ano que vem para liquidar essa fatura. E o time da Toca da Raposa corre até o risco de até ser rebaixado para a série C se não honrar o compromisso. A entidade internacional do futebol promete ser rigorosa com caloteiros.
Há outro fator que agrava ainda mais esse teatro de horrores. Até 2018, um clube da elite caía, mas mantinha a cota de televisão da série A. Agora tudo mudou radicalmente. Por azar, a partir da próxima temporada, esse valor sofrerá uma redução de 80%. Observe o tamanho da encrenca. O faturamento do Cruzeiro com a TV migrará de 70 milhões de reais para R$ 10milhões. A receita do clube ficará seriamente comprometida. A arrecadação na bilheteria fatalmente sofrerá um declínio também.
E as más notícias não acabam aqui. Devido aos atos de vandalismo do jogo contra o Palmeiras, no Mineirão, a Raposa sofrerá duas punições drásticas: perderá alguns mandos de campo e meia dúzia de pontos na tabela de classificação do módulo B.
Conclusão: o Cruzeiro não caiu apenas para a segunda divisão. O Cruzeiro mergulhou num verdadeiro inferno dantesco. A Raposa convive com concreta possibilidade de curtir um longo período na periferia do futebol. Uma realidade é certa: passarão muitos anos até que a torcida estrelada volte a gritar: “é campeão”. Tudo ficou muito cabuloso.